Lesão renal aguda na gestação: desafios diagnósticos

Abstract

 A lesão renal aguda (LRA) no período da gravidez é uma condição médica complexa que pode resultar de várias etiologias, incluindo complicações obstétricas (como pré-eclâmpsia e síndrome HELLP), infecções, doenças autoimunes e uso de nefrotóxicos. As mudanças fisiológicas naturais da gravidez, como o aumento do fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular (TFG), podem mascarar ou atrasar a detecção da disfunção renal. Além disso, a diluição da creatinina sérica devido ao aumento do volume de sangue pode dificultar a interpretação dos níveis de creatinina, com pequenas elevações já indicando uma queda substancial na função renal. A distinção entre sintomas comuns da gravidez e sinais de LRA, como náuseas, vômitos, fadiga e edema, é desafiadora. A falta de critérios diagnósticos bem estabelecidos para a LRA durante a gravidez complica ainda mais o diagnóstico. Condições específicas da gravidez, como pré-eclâmpsia e síndrome HELLP, também podem causar LRA e necessitam de diagnóstico rápido para manejo adequado. O tratamento da LRA em grávidas requer uma abordagem multidisciplinar, incluindo nefrologistas, obstetras e neonatologistas, focando na correção das causas subjacentes, controle de complicações obstétricas, monitoramento contínuo da função renal e suporte nutricional adequado. A diálise pode ser necessária em casos graves, com a diálise peritoneal frequentemente preferida devido ao menor risco de instabilidade hemodinâmica. Em resumo, a LRA durante a gravidez apresenta desafios diagnósticos significativos devido às alterações fisiológicas da gravidez e à necessidade de um diagnóstico precoce e tratamento adequado para prevenir complicações graves tanto para a mãe quanto para o feto.